Pesquisas Inconformadas

sábado, agosto 14, 2004

Pensando em Sócrates.

Um indivíduo que tudo sabe, nada sabe na realidade pois voltou exactamente ao ponto de partida - o ponto da total ignorância. É como se fizesse a circum-navegação e voltasse ao mesmo ponto. Do ponto de vista da navegação o feito é assente mas, como tal, finito e igualável. Mas do ponto de vista objectivo, de que interessa ter feito toda aquela viagem se voltou ao ponto de partida? Do ponto de vista inteligível mais inteligente será aquele que conseguir parar antes de voltar ao ponto de partida, dando assim uma margem para aprender algo novo. E mais inteligente será aquele que, voltando ao ponto de partida, não fique por ali e se remeta a novos métodos, novos caminhos, novos mapas. Porque o importante não é chegar-se ao fim, pois, esse, é crasso e fulminante. E o final da inteligência chega quando se admite que nada mais se tem para aprender. O apogeu da inteligência é atingido quando, contra todas as circunstâncias, decidimos "fazermo-nos de novo à estrada" pois certamente há algum pormenor que nos escapou, um ponto de vista que ficou por vislumbrar, um caminho por descobrir... algo mais por aprender.

E assim apercebo-me de que Sócrates, o qual só "conheci" no 10º ano nas aulas de Filosofia, foi um dos homens mais inteligentes da história humana.

1 comentário:

Anónimo disse...

Antes de mais agradeço-te o tema! Um gajo porreiro o Sócrates! No entanto, se me permites, reformularia: "Um indivíduo que julga que tudo sabe,...". Por muito que nos esforcemos, a realidade é que nada sabemos.
Em relação ao ponto de partida... a ignorância... discordo! Para mim, todos nascemos 100% sábios; acabamos por crescer, bem moldadinhos, chegando FINALMENTE ao conveniente ponto da ignorância.
No entanto, considero que a ignorância pode ser benéfica; só podemos reconhecer o preto, se existir o branco, só podemos ser o que somos, vivendo primeiro o que não somos, só podemos perceber o quanto nada sabemos, experimentando a ignorância!
Nada é finito e igualável. Nenhuma viagem é inútil, mesmo que signifique o regresso ao ponto inicial. A experiência proporcionada pela viagem é única... chegamos ao destino com algo mais, embora a maioria das vezes, de uma forma objectiva, tenhamos chegado ao "ponto de partida".
Concordo plenamente com a aplicação, constante de preferência, de "novos métodos, novos caminhos, novos mapas". O fim não existe - "Nada se perde, tudo se transforma". Há sempre por onde recomeçar, há sempre um pormenor, um ponto de vista, um caminho por descobrir... é um eterno processo de crescimento!
E viva o Sócrates!!!!!