Exmos Senhores,
É com grande transtorno que escrevo estas linhas abaixo. Desde que, há 1 ano atrás, o Campo Pequeno (doravante CP) abriu de novo, foi mesmo "em grande" como a vossas exas tão bem lhes aprouve colocar no slogan. Pelo menos no que toca ao estacionamento abusivo e à falta de consideração para com quem aqui mora e também com o mero transeunte que, deambulando pelas ruas de Lisboa, encontra aqui no CP um verdadeiro desafio às suas capacidades.
Não mencionando as constantes obras, que mais fazem lembrar as da igreja de Sª Ingrácia, vossas exas não contemplaram de todo o facto de que o português tem: 1- um bolso demasiado curto no que toca a despesas que fazem sentido (como colocar o carro num estacionamento vigiado e seguro); 2- uma capacidade enorme de ser multifacetado, quando tal lhe serve, sem olhar a quem prejudica. Senão, vejamos:
- Durante o decorrer das obras pré-(re)inauguração e especialmente depois da loja de brinquedos (Centroxogo) ter aberto as suas portas ao comércio, antes do Natal, era frequente, diria até normal (embora este tenha aqui um sentido altamente pejorativo) ver automóveis de todos os tipos, marcas, formas, classes e para todas as bolsas (mesmo para aquelas que dificilmente justificariam não ter um punhado de euros para os colocarem no parque) estacionados em pleno jardim. Ele era em cima do passeio, em cima da relva, nos caminhos para peões que cruzavam os jardins, etc;
- Após a (re)inauguração, em dias de espetáculo e mesmo após a Câmara Municipal de Lisboa ter colocado barreiras (após inúmeras reclamações dos seus munícipes moradores nesta área) junto à maioria dos passeios, de forma a (tentar) impedir que se verificasse o estacionamento selvagem que, concerto, após tourada, após N tipos de espetáculos variados que os senhores com mais ou menos sucesso conseguem importar para dentro da praça de touros, a verdade é que, de há um ano para cá, pouco mudou.
Ressalvo que praticamente, de todas as vezes que estas situações acontecem, são feitas chamadas de atenção ao comando da divisão de trânsito da PSP de Lisboa e também à Polícia Municipal mas, curiosamente, ou nunca aparecem (dando a indicação de haver falta de meios, entenda-se reboques) ou, aparecendo já depois do espetáculo ter terminado, muitas vezes nem sequer autuam os transgressores que, assim, certamente para a próxima pensariam duas vezes antes de se arriscarem a uma coima dezenas de vezes mais cara que o parque, sem contar com o facto de poderem-se também arriscar a ficar sem carta (quando o estacionamento bloqueia totalmente o trânsito normal de peões). De notar que a situação mais gravosa é aquela em que os automobilistas decidem inconscientemente (sou levado a crer) bloquear o passeio junto ao ringue de futebol, levando a que os transeuntes tenham de se deslocar (durante mais de uma dezena de metros) a pé pela Av. João XXI pois esta artéria é bastante movimentada durante quase todo o dia e noite.
Termino dizendo, em jeito de desabafo, que a paciência dos moradores (falo por mim, obviamente, mas de todos os moradores com quem já tive oportunidade de trocar algumas palavras, recebi o mesmo tipo de reclamações) já está para lá do limite e compete a v. exas tentar encontrar uma solução rápida e eficaz para este problema pois são tanto directamente interessados (carros no parque = mais receitas = mais impostos e mais ordem) como implicados (no caso de haver problemas). No passado recente houve casos de vandalismo a veículos e também agressões ou tentativas de agressão e temo que tal se volte a verificar novamente, situação que obviamente tento evitar. Como sei que é fácil criticar, aponto uma sugestão simples, mas eficaz e que pode remediar esta situação no curto prazo (sem prejuízo para outras a médio/longo prazo que estejam em vias de implementação). Dado que em cada espetáculo há um número de agentes da lei designados a manter a ordem enquanto este ocorre, porque não colocar pelo menos 1 agente e/ou um segurança da empresa contratada permanentemente a circular em volta, informando os automobilistas que devem colocar o carro no parque para evitar incómodos para si (coimas, reboques, bloqueios, vandalismo) e para quem tem o direito de circular livremente no passeio? No meu entender 4 seria o ideal, pois permitiriam cobrir todas as faces (N, S, E, O) em simultâneo e teriam assim um efeito dissuasor mais forte. Com o calor a época de espetáculos floresce mas, com isso há também o aflorar dos ânimos, cada vez mais exaltados. Da minha parte a vontade de me dirigir ao CP por motivos lúdicos é cada vez menor.
O texto é longo mas creio que compreenderão que não é de todo fácil resumir um ano de verdadeiros atentados à paciência de quem aqui mora, em algumas linhas.
Atenciosamente,
Denis
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