Quem já viu uma qualquer prova desportiva comentada numa outra língua que não o português certamente fica bastante desapontado quando só tem hipótese (por não saber nenhuma língua estrangeira, ou por defeito da emissão) de ver uma prova desportiva comentada em português.
Já era assim com a Fórmula 1, com a NBA melhorou um pouco, mas não muito, com o motociclismo e com outros desportos motorizados idem, com as artes marciais e, claro, com o futebol. Temos um claro problema de falta de produtividade (está na moda) e objectividade. Infelizmente quase todos seguem a mesma fórmula, excepção feita talvez aos comentários dos professores João Coutinho e Carlos Barroca na NBA mas que eram tão pejados de erros que a meio de um contra-ataque dava por mim a ter ataques de riso - fica a menção honrosa de serem os que mais se esforçaram até hoje.
Dizia eu que quase todos seguem a mesma fórmula... parece que querem adormecer o espectador! Na Fórmula 1 era o que se via, não fossem os duelos Senna - Prost, ou Piquet - Lauda, lá tínhamos nós, infelizes espectadores, de levar com o historial dos pilotos desde que se iniciaram no mundo dos karts, até ao presente dia (e isto em cada prova!)! Infelizmente com a morte do Senna (mais o abandono do Prost) e o começo da Era Schumi uma das razões para em Pt se deixar de ver tanta F1 reside nos comentários monocórdicos e aborrecidos dos nossos comentadores... No motociclismo nem falo! Depois de ouvir os comentadores ingleses a terem, praticamente, um orgasmo ao verem o Toni Elias fazer mais uma ultrapassagem in extremis, ou o Rossi a recuperar 2, 4, 8 ou mais posições até retomar a liderança, não se consegue, especialmente se for às 05:00 da manhã enquanto se tenta ver os GP do Japão ou da Malásia, ficar acordado enquanto se ouvem aquelezzzz comentáriozzz dozzzzzz (bocejo) comentadorezzzzzzzz, zzzzz, zzzzz (ressono), zzzz * (desperto)... parece que passei pelas brasas, só de me lembrar (arrepio na espinha)... Dizia eu que não se consegue ficar de pestana aberta enquanto se luta contra o avançado (ou tardio, depende do caso) da hora e se "leva" com aquela ladaínha, qual história para dormir!
E o jogo de ontem, se o apreciei bastante, foi porque, ao fim de 10 ou 15 minutos de jogo, baixei o som da televisão e liguei o da aparelhagem, sintonizado posteriormente numa estação que estava a relatar o jogo. Quando é que os senhores produtores e os senhores comentadores vão perceber que, para se comentar um evento desportivo, não basta nem só ter conhecimento do desporto em questão nem só ter conhecimento jornalístico? Há que ter os dois e, como é o caso, quando há lacunas colmatá-las com formação progressiva e adequada! Irra que é saloio!
A bem do desporto!
quarta-feira, março 10, 2004
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