Pesquisas Inconformadas

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Devaneios mentais.

Ao jantar com uma amiga minha, conversámos sobre muitas coisas. Sobre as experiências dela com uma amiga que é, ou julga ser, médium, sobre a insegurança que ela sente em relação ao sobrenatural, sobre a religião (tudo começou com uma conversa sobre um filme que ela não chegou a terminar de ver - a tvcabo foi abaixo - sobre o anticristo!) e sobre a informação.

E foi sobre a informação que o nosso debate mais se "acendeu", ou melhor, sobre quem a controla e a forma como faz!

A informação é uma forma de poder! Quem controla a informação tem poder sobre quem é informado, e há muito que o homem se apercebeu disto. O clero e a nobreza, na antiguidade, eram os únicos letrados e que, por isso, podiam obter informação muito mais facilmente do que a plebe. Essa era (e ainda é) apenas uma de muitas formas de controlar os povos. Divulgar informação à medida das nossas necessidades.

Falámos sobre possibilidades possibilitivas (como dizia um camarada) de sermos apenas um Zoo de uma raça ET ou, então, que a realidade do filme Matrix fosse para além das telas. A facilidade com que a informação pode ser manipulada leva-me a mim a pensar (que nesta altura da Internet creio estar correcta) que a única forma de a controlar é não a controlando. O livre acesso à informação é essencial para que as pessoas possam formar a sua opinião baseada em todos (utópico, mas entenda-se pela maioria) os factos. Três exemplos simples:

1- As "Santas" cruzadas - sabendo-se hoje o que se sabe, que os Árabes naquela altura eram muito mais avançados do que nós, europeus, pois praticamente foram eles que nos ensinaram "a ler e a escrever" dando-nos conhecimentos avançados de matemática, geometria, física... com que direito foram então classificados pelos "nossos" líderes, de povos bárbaros? Sim eles tinham, e ainda hoje têm, costumes estranhos aos métodos europeus e mundiais, mas isso aplica-se a todos os povos, inclusive a nós, só depende de quem analisa. Guerras efectuadas em nome de Deus e de Cristo, quando Estes não tinham nada a ver com o objectivo das mesmas, certamente só foram possíveis porque o grosso das batalhas, a "carne para canhão", era constitído por plebeus iletrados e ignorantes, que inocentemente não punham em causa os motivos da monarquia e clero!

2- O "mistério" de Roswell - é outro caso de falta de informação (e, numa outra fase, excesso de desinformação - mas desta falo mais à frente). O que aconteceu realmente só os serviços secretos americanos devem saber, mas o que é certo é que as explicações dadas por estes têm tantos furos como uma peneira de garimpeiro, o que leva o comum mortal a pensar que o que quer que seja que "eles" escondem é assim tão catastrófico ou valioso!

3- Matrix o filme - Os autores deram-se ao trabalho de pensar realmente em todos aqueles pormenores sórdidos, viveram de facto a experiência relatada, ou relatam uma experiência realmente vivida por outros antes deles e o que vemos/lemos ali é o relato de uma luta épica entre homens e máquinas cujos "sobreviventes" (somos todos, mas estes são os que despertaram para a realidade) tentaram desta forma encontrar uma forma de chamar a nossa atenção, a dos "adormecidos" para a realidade?

Imaginemos, worst case cenario, que fomos realmente colonizados por ETs e actualmente estamos a ser controlados por estes! Essa informação, a ser divulgada em directo e em simultâneo para todo o mundo, seria certamente um choque para muitas pessoas. Outras até prefeririam nunca ter recebido essa informação pois não aguentariam o choque! Mas só com essa informação em nosso poder é que poderemos optar, individualmente ou em grupo, por fazer algo, ou não. Mas sem essa informação nunca teremos essa escolha. As nossas escolhas recaem sempre, logicamente, sobre o que conhecemos. O que não conhecemos não podemos escolher, apenas escolher tentar conhecer algo mais.

Da mesma forma, imaginemos que realmente somos incubadoras de uma máquina de realidade virtual. Que realmente essa máquina só existe por nossa causa e à nossa custa! Enquanto nós precisarmos dos seus serviços, a sua existência está assegurada. Mas se mais e mais indivíduos preferirem não utilizar os seus serviços a mesma estará condenada a deixar de existir num prazo que, embora talvez não facilmente calculável, será certamente finito. (NOTA: Se depois de publicar isto me aparecer alguém a dar um comprimido azul e um vermelho...)

Então o que é que todos os casos têm em comum, e especificamente os dois worst case cenarios? A falta de informação beneficia exclusivamente quem a tem! No caso das cruzadas os nobres obtinham terras, títulos e favores, o clero ampliava a sua influência, mas os pobres, esses, continuavam a morrer sem dignidade nem respeito. No caso dos ET só mantendo um absoluto sigilo, ou envolvendo qualquer réstia de verdade num chorrilho de disparates que a descridibilizem (desinformação), é que poderão manter o seu domínio sobre os humanos. No caso da Matriz, só criando artefícios cada vez mais eficazes para manter as aparências, ou aniquilando aqueles que eventualmente "despertaram", é que assegura a sua existência!

Temos um caso real flagrante! Os EUA e RU (Reino Unido - não confundir com Rússia) vieram agora a público dizer que afinal Saddam não tinha armas químicas, mas tinha tudo a postos para fabricá-las a qualquer momento! Querem-nos convencer de que foram "enganados" pelos seus serviços secretos (coitados, tão inocentes que eles foram - desperdiçaram as vidas de centenas de soldados e civis e milhões de dólares e libras dos contribuintes, por uma espertice dos SS) a crer que o Iraque as tinha. Porque é que não divulgaram logo que Saddam não as tinha ou, antes de avançarem com um investimento humano e material tão grande, não se deram ao trabalho de investigar melhor essas informações? Porque o argumento actual de "ele não tinha, mas quase" não "vende". Não era forte o suficiente para convencer outras nações a entrarem no conflito!

Mas com a era da informação, surgiu outro problema (há sempre prós e contras), como já Vannevar Bush (não creio ser parente do actual presidente) levantava o véu a este problema em meados dos anos 40. É importante que a informação esteja disponível a todos e não apenas a quem a pode comprar. Mas com tanta quantidade de informação gratuita, não controlada, quem garante que a mesma é verdadeira e quem nela pode confiar? Eu não creio ter a resposta a esta questão. Mas o que posso responder é que mesmo no tempo em que ela era controlada por quem tinha posses, a mesma sempre foi utilizada para interesses mesquinhos.

No meu entender estamos muito melhor como estamos. Cabe a cada um filtrar a informação da desinformação, usando as suas células cinzentas e fazendo ginástica mental para chegar ao fundo das questões que lhe são apresentadas. Eu prefiro ter acesso a toda a informação, do que ter só a uma parte, controlada por quem eu não conheço e cujos objectivos também desconheço. Veja-se o caso casa pia e os sucessivos escândalos maestralmente orquestrados para eclodirem em tempos específicos. Sim, senhor Vannevar, o controle da informação é mais prejudicial que o descontrole desta, obviamente, salvo algumas excepções, como o segredo de justiça, em que os prejudicados podem ser os inocentes.

Como diria a "mulher" de Will Smith no filme Enimigo Público nº1 - Quem controla os controladores?

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